Na madrugada do sábado, 21, Cristiano Gonçalves, de 25 anos, raptou Danglhie Vieira Andrade, 7 anos de idade, no bairro Santo Antônio e levou até sua residência no bairro Alto da Colina, em Santa Izabel do Oeste, onde praticou violência sexual (estupro), depois esganou o pescoço da criança e asfixiou com um travesseiro até a morte.
Esta é a confissão do maníaco e homicida à Polícia e para a imprensa, afirmando ainda, que depois que a criança estava morta, repetiu a violência sexual e colocou um saco plástico na cabeça, amarrando-o ao pescoço e escondeu o corpo dentro de uma mala de viagem, deixando dentro do quarto.
O relato macabro à nossa reportagem, prossegue com a afirmação de que pela manhã, foi até a residência da família da criança para buscar leite e saber como estava a situação. Viu que a família estava à procura da mesma e se dispôs a auxiliar nas buscas.
A Policia Militar e Civil foram acionadas e junto com muitas pessoas izabelenses iniciaram a procura pela criança. Os policiais Luciano Timóteo Barroso e Volmar Viau, de Santa Izabel do Oeste foram até a residência do suspeito onde já se encontravam populares e familiares da criança e encontraram o corpo da criança.
Inicialmente Cristiano negou a autoria do crime, ele foi encaminhado à delegacia de Polícia Civil para início das investigações, e no depoimento na delegacia, confessou a autoria do crime contando detalhes de requintes de crueldade contra uma pessoa indefesa.
Cristiano ainda confessou que pretendia enterrar o corpo durante a noite para ocultar o crime.
Segundo o laudo do IML, as causas da morte foram hemorragia interna em razão da violência sexual, lesões pelo corpo, sinais de esganadura e asfixia.
Crime bárbaro
O Delegado da Comarca de Realeza Matheus Araújo Laiola acompanhou o caso e falou que o crime bárbaro chocou todo o Estado e que todos ainda estão assustados com a frieza do assassino. “É um lugar calmo, não tem como aceitar que uma pessoa dessas faça mal a uma criança, nós estamos tomando todas as providências para que ele seja transferido o mais rápido possível para Francisco Beltrão, por questão de segurança”, disse o delegado, segunda-feira.
A ficha criminal do acusado esta sendo levantada pela polícia e pelo fato de ele ter escondido o corpo em uma mala muitas pessoas associaram o crime com o da menina Rachel Genofre, de 9 anos, ocorrido no final de 2008.
Rachel desapareceu pouco depois de sair da escola. Seu corpo foi encontrado dois dias depois dentro de uma mala na Rodoviária de Curitiba, com sinais de estrangulamento e violência sexual. Mais de 50 exames de DNA foram realizados, mas ninguém foi indiciado pelo crime.
O Sangue de Cristiano foi colhido para realização do exame de DNA para saber se há alguma ligação com o crime de Curitiba. “Ele afirma que não tem ligação nenhuma com o crime da menina Rachel, pelo retrato falado que temos não é ele, mas mesmo assim vamos colher o sangue dele e mandar para o exame de DNA. Acho que é apenas uma associação que as pessoas fizeram entre os dois crimes pelo fato de ele esconder o corpo em uma mala”, afirmou Dr. Matheus.
Há também denúncias de que houveram casos parecidos em Joinville-SC, mas ainda estão sendo apurados os fatos. No Paraná, Cristiano não tem antecedentes criminais, mas o delegado está esperando a ficha dele de outros estados para ver se há algum outro crime cometido por ele.
“O fato que foi crucial para que desvendássemos esse crime tão rapidamente, foi o fato de uma testemunha ter visto um homem com uma criança nos braços. Inicialmente a testemunha pensou que fosse um pai carregando o filho adormecido pelo adiantado da hora, mas no dia seguinte sabendo do desaparecimento da criança ela relatou o que tinha visto e como o homem estava vestido: uma camiseta roxa e calça jeans. A polícia encontrou as roupas sujas de sangue na casa do acusado.
Segundo Dr. Matheus ainda não é possível informar se o acusado tem desvio de personalidade, não foi realizado um diagnóstico mais preciso para dar essa informação. Cristiano está sendo indiciado por abuso sexual, homicídio triplamente qualificado e violação de cadáver.
Há 10 dias no município
Cristiano veio de Joinville-SC, havia 10 dias e conheceu a família da vítima por intermédio de um tio da menina, eles logo viraram amigos e o tio da criança conseguiu emprego para Cristiano na mesma empresa em que ele trabalha.
Na noite do acontecido foi organizada uma janta na casa da vítima, onde a mãe da garota e os tios se reuniram. Cristiano foi como convidado do tio. Depois da janta ele pagou um carro para que os levasse até o baile onde houve a confusão.
Segundo Cristiano, ele foi ao baile com a mãe da criança, apenas como amigos e lá ele dançou com outra mulher, o ex-marido dessa mulher não gostou do que viu e reuniu algumas pessoas para dar um corretivo em Cristiano, ele chegou a apanhar e por isso veio embora do baile.
Ao chegar próximo da casa da vítima, ele relata que não sabe o que aconteceu, o porquê fez isso, mas entrou na casa, onde ela dormia com um irmão e uma prima e num outro cômodo, dormia a tia e a bisavó.
Pegou-a nos braços e levou até sua residência, onde a violentou sexualmente. “Ela pedia pela mãe e eu falei que a mãe já vinha, depois ela acabou adormecendo. Pela manhã não sabia o que fazer, vi que todo mundo estava procurando por ela e me desesperei, então resolvi matá-la e acabei abusando sexualmente dela novamente, ai então sem saber o que fazer e tentando esconder o corpo resolvi colocar na mala e esperar anoitecer para enterrá-lo, e despistar a polícia”, disse Cristiano em entrevista ao JNT destacando os detalhes de como matou a criança. “Matei ela com as mãos, depois segurei um travessei no rosto dela até ter certeza que não estava mais respirando, e por fim coloquei um saco plástico em sua cabeça e coloquei dentro da mala”, afirmou.
O corpo da criança foi encontrado na casa de Cristiano na manhã de sábado, ele afirma que não sabe o que aconteceu com a cabeça para ter feito uma coisa dessas. “Eu tinha bebido, mas mesmo assim não sei o que me deu na cabeça para fazer o que fiz, sei que vou pagar pelo que fiz e que não vou durar muito aqui, não”, disse Cristiano.
Ao ser questionado de que tem uma filha da mesma idade da vítima, e o que faria se alguém fizesse isso com sua filha, ele não hesitou em falar. “Eu faria o que querem fazer comigo, sei que vão fazer as piores coisas comigo na prisão, sei também que não vou durar muito tempo, mas eu fiz e agora tenho que pagar”, disse.
Cristiano disse não ter nenhuma relação com o crime da menina Rachel. “Eu não tenho nada a ver com outros crimes, nunca tive passagem pela polícia, nem no Paraná, nem em outros estados”, concluiu Cristiano.
Tia da criança
A tia da criança, Rosangela Vieira disse que não conhecia Cristiano, que ele esteve na casa para participar de uma janta organizada pelos familiares da vítima. Saíram e durante a madrugada voltou. Como a porta estava sé encostada, pois a família tinha perdido a chave e por isso não estava trancada, ele entrou e pegou a menina.
Quando a mãe chegou em casa, às 4h, foi até o quarto, viu que a menina não estava lá, mas pensou que a avó tivesse buscado ela para dormir em sua casa. Na manhã seguinte quando acordou ligou para a avó e as tias e constatou que a criança não havia passado a noite com elas, foi então que ligaram para polícia e começaram a fazer as buscas.
A testemunha que viu a criança sendo carregada pela madrugada, não avisou antes por não conhecer de quem se tratava e por pensar que fosse apenas um pai carregando uma filha.
Foi então que família desconfiou e foi até a casa de Cristiano e encontrou o assassino dormindo, com a mala ao lado da cama com o corpo dentro. “Já dava para ver na cara dele que tinha feito alguma coisa errada, nós fomos impedidos de fazer qualquer coisa a ele, mas a policia demorou, 1 hora e 20 minutos para chegar no local, não algemou ele para tirar do local”, afirmou a tia da criança, Cleusa Vieira.
Segundo Cleusa a mãe da criança não tinha envolvimento com ele, era praticamente um desconhecido que chegou à cidade há poucos dias e trabalhava com o tio da criança.
Pai da criança
Os pais da criança são separados, Michael Andrades mora em Rio Branco do Sul-SC e se deslocou até Santa Izabel do Oeste após saber do ocorrido. Ele disse não conhecer o assassino e só ter visto foto dele pela internet.
Muito abalado pela perda da filha ele não teve palavras quando questionado o que queria que fosse feito com Cristiano. “Eu nem sei o que dizer, a justiça vai ser feita com certeza, ele vai pagar tudo que fez com minha filha, nenhum castigo é bastante para um monstro desses. Ao ser preso, não irá repetir tamanha violência com outras crianças”, falou Michael.
Mãe da criança
Segundo Rosangela, ela não conhecia Cristiano, apenas de vista, por ele ter ido a uma janta organizada na casa da vítima. Após a janta quando eles resolveram ir para o baile, as crianças ficaram dormindo com a tia e a bisavó. “Elas não ficaram sozinhas como algumas pessoas estão dizendo, ficaram com minha irmã e minha avó. Ele premeditou tudo, ele queria a Danglhie e conseguiu, não tenho o que dizer sobre esse monstro que fez isso com minha filha”, disse Rosangela.
Questionada sobre o que ela quer que aconteça com o assassino, Rosangela falou que não tem o que dizer, que qualquer castigo seria pouco para ele. “Que ele pague tudo o que fez a minha filha em vida, que sofra na cadeia o que minha filha sofreu nas mãos dele”, disse.
Manifesto por mais segurança
Familiares da vítima Danglhie Vieira Andrade, de 07 anos de idade e amigos da família se reuniram em frente a Delegacia de Policia Civil de Realeza, segunda-feira, 23, para onde foi levado preso, Cristiano Gonçalves, 25 anos, que confessou ter raptado, estuprado, matado e violentado o cadáver, depois escondeu o corpo em uma mala para enterrá-lo durante a noite. A manifestação foi pacifica, amigos e familiares expuseram cartazes e pediram mais segurança e justiça, que o assassino seja condenado com pena máxima.
Tania Santor