A partir de uma antiga fortaleza dos jebuseus, o maior rei da história de Israel começou a construir uma grande cidade
Por Marcelo Cypriano
marcelo.cypriano@arcauniversal.com
Considerada a parte mais antiga de Jerusalém, a Cidade de Davi está sobre uma formação montanhosa a sudeste da atual Cidade Velha. É um grande complexo com várias edificações, protegido por uma alta muralha, uma antiga fortaleza dos jebuseus conquistada por Davi, que dali fez sua base de operações. Além da posição estratégica em terreno elevado, era abastecida por uma importante nascente, a de Gion, que impulsionou a produção agrícola da região.
A história é contada em I Crônicas 11:4-5:
“E partiu Davi e todo o Israel para Jerusalém, que é Jebus; porque ali estavam os jebuseus, habitantes da terra.
E disseram os habitantes de Jebus a Davi: Tu não entrarás aqui. Porém Davi ganhou a fortaleza de Sião, que é a cidade de Davi.”
Abandonada e pilhada após várias conquistas, a área foi estudada arqueologicamente pela primeira vez no final do século 19, em 1867, em exploração chefiada pelo engenheiro militar britânico Sir Charles Warren (1840-1927). Por isso, uma passagem subterrânea descoberta por sua equipe hoje leva seu nome.
No início do século 20, o belga de origem judaica Raymond Weill, financiado pelo Barão Edmond de Rotschild (1845-1934), importante filantropo francês, iniciou escavações ao sul da Cidade de Davi. Descobriu não só ruínas importantes de edificações bíblicas, como sepulturas de figuras importantes da época.Ainda no século passado, mesmo entre os domínios árabe e israelense, os estudos continuaram. As explorações seguiram, e foi terminada a escavação da Passagem Warren (à direita), bem como descobertas algumas torres de vigia para a nascente do Gion, para onde o corredor cavado em pedra levava. Foram descobertas casas da época do Primeiro templo, e uma moeda com o nome de Gemarias, filho de Safã, o escriba, citado por Jeremias em seu livro (36:10).
A Cidade de Davi é aberta a visitantes em passeios monitorados. É possível até mesmo percorrer a Passagem Warren até a nascente Gion, passando pelo também subterrâneo Canal de Ezequias (foto à esquerda), em um trecho com água, até a Fonte de Siloé.Há uma vasta programação cultural no complexo. Exposições, oficinas de artes, shows, e um café. Os turistas podem, inclusive, participar de escavações arqueológicas (foto à direita) como voluntários, acompanhando a coleta e classificação dos objetos encontrados.
À noite, a fortaleza, iluminada, é um dos muitos cartões postais de Jerusalém, que relembra os tempos de seu mais famoso monarca, um dos maiores heróis bíblicos da história.
