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Grandes Nomes - Mazzaropi

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Por Marcelo Cypriano / Fotos: Divulgação

Ele atuava, mas também dirigia e produzia um cinema completamente brasileiro, enaltecendo as pessoas simples sem diminuir a qualidade de seu trabalho

marcelo.cypriano@arcauniversal.com

A famosa pintura “Operários”, de Tarsila do Amaral, foi realizada no início da década de 30 do século passado. A artista pincelou uma imagem que traduzia muito bem a São Paulo da época, em que constantes levas de migrantes brasileiros e estrangeiros chegavam para tentar uma nova vida e suprir a mão de obra das então nascentes indústrias daquela que já era uma metrópole. Muitos eram os diferentes rostos, as diversas línguas, e era bem natural que se misturassem. Nesse cenário, a filha de portugueses Clara Ferreira, doméstica, conheceu o motorista italiano Bernardo Mazzaropi. E cenário é uma palavra que teria tudo a ver com a história de ambos dali em diante.
De Clara e Bernardo nasceu, em abril de 1912, o menino Amácio, batizado em homenagem ao avô parterno, Amazzio. A vida no bairro central de Santa Cecília tinha seus benefícios e dificuldades. A maioria dos imigrantes procurava o interior assim que chegava ao Brasil. Anos depois, iam tentar a vida na capital do estado em que moravam. Os Mazzaropi tentaram o inverso: quando o filho tinha dois anos, rumaram para Taubaté, não tão distante, mas com outro estilo de vida. Bernardo, com poucos recursos, achava que estar perto da família da esposa facilitaria a busca pelo sustento, e logo conseguiu emprego em uma grande tecelagem, o que também aconteceu à esposa em seguida.
E foi essa atmosfera interiorana que fascinou Amácio e forjou seu temperamento. Ele não perdia uma chance de usufruir da vida do campo na vizinha Tremembé, onde o avô materno, João José Ferreira, havia se radicado, em um sítio que garantia o sustento dos seus. Lá o menino passava a maior parte do tempo. Ferreira, exímio tocador de viola, era o animador dos eventos locais, para os quais sempre levava as crianças da família. Quando a Estação Central do Brasil foi inaugurada na cidade, o pequeno Amácio, então com 6 anos, assistia orgulhoso ao avô violeiro, destaque na festa.
Mas os ares rurais não durariam tanto. Bernardo, inquieto que era, não aguentou por muito tempo a monotonia interiorana. Pegou a família e voltou para a capital (foto abaixo) em 1919, integrando a comunidade operária da zona leste, onde italianos não eram nada raros. Amácio foi para a escola, onde chamava a atenção pela facilidade em decorar e recitar poemas. Embora parecesse um garotinho introvertido, brilhava quando o assunto era poesia. Professores e colegas eram unânimes quanto ao talento do menino, e logo, informalmente, ele foi eleito o declamador-mor do Grupo Escolar do Largo de São José do Belém. Era uma época sem Via Dutra, em que a zona leste era a entrada oficial da cidade para quem chegava da então Capital Federal, o Rio de Janeiro.
Retorno forçado
A vida continuava dura para a família. Para completar, Amácio perdeu o querido avô João em 1922. Todo mundo, novamente, arrumou as malas e foi para Taubaté. Clara e Bernardo recomeçaram a trabalhar na fábrica de tecidos e, para reforçar a renda, abriram um pequeno bar na fachada da residência. O filho, na nova escola, descobre a biblioteca, onde os livros lhe oferecem textos de teatro. Num monólogo, o menino interpretou um caipira que agradou em cheio. Mal sabia ele o que começava ali.
Foi nessa época que descobriu um mundo que o fascinaria durante toda a vida: o do circo. Desde então, almejou a carreira no picadeiro. Os pais não viram o trabalho circense com bons olhos, como era de costume na época. Logo arrumaram de mandá-lo morar com o tio Domingos Mazzaropi em Curitiba, Paraná, para trabalhar em sua loja de tecidos, na famosa rua XV de Novembro.
Aos 14 anos, Amácio volta para Taubaté. Para desespero dos pais, o sonho do picadeiro não acabara. Ele conheceu a trupe do Circo La Paz, e logo começou a viajar com o grupo. Nos intervalos do número do amigo Ferry, um faquir, o rapaz contava seus “causos” engraçados.
Mas a vida nômade circense também era dura e a realidade bateu à porta. Entra 1929, e o sonho teve que dar lugar ao pragmatismo. Amácio voltou para Taubaté e começou a trabalhar na mesma tecelagem dos pais, destino comum da gente simples da localidade.

O teatro
Em 1931, trabalhava como ator e diretor nas horas vagas no teatro de uma escola local. No ano seguinte, quando eclodiu a Revolução Constitucionalista (foto abaixo, à esquerda). O movimento que visava recolher fundos para os combatentes paulistas, em parceria com a Rádio Record, um dos principais veículos de comunicação do País, realizou o projeto Teatro do Soldado. Não tardou e Amácio era um ator conhecido nos palcos. Buscando por seu espaço, logo o jovem integrou grupos teatrais até chegar à prestigiada trupe Olga Crutt. Logo, torna-se seu diretor, renomeando-a Trupe Mazzaropi. Em 1935, dois novos integrantes: Clara e Bernardo, convencidos pelo filho.
Mas o sonho de Amácio ia além. A inquietude do pai em procurar uma vida melhor estava no sangue, só que voltada para o mundo artístico. Os três resolvem, após uma turnê interiorana bem sucedida, montar em Jundiaí um galpão de tábuas coberto de lona, com cadeiras e bancos de madeira rústica. Era o Teatro de Emergência, ironicamente o sonho do circo tomando forma, com algumas adaptações. No dia da estreia, umatempestade. O vendaval destruiu o barracão, e quase levou junto o projeto de vida dos Mazzaropi.
Mas só quase. Em três dias de muito suor, tudo foi reerguido, e finalmente aconteceu a inauguração. Dali em diante, as viagens continuaram. A nova Trupe Companhia Amácio Mazzaropi também viajava pelo interior paulista, embora com parcos recursos. Muito público, muitos aplausos, pouco dinheiro. Ao receber uma herança da avó materna, Amácio pôde cobrir seu teatro com um teto de zinco, rebatizado Pavilhão Mazzaropi. Remontou-o depois em Pindamonhangaba.
Em 1944, a saúde de Bernardo não andava nada boa, minando os recursos da família. Amácio foi convidado para substituir o ator Oscarito numa peça em cartaz no Teatro João Caetano, no Rio, mas não chegou a trabalhar, pois o ator titular, então o mais famoso do País, resolveu não deixar o papel. Decepcionado, Amácio dissolveu a companhia e desmontou o teatro da família. Em setembro, Mazzaropi reativou o grupo, fundindo-o ao do prestigiado ator Nino Mello.
Bernardo veio a falecer naquele mesmo ano, em novembro, com apenas 56 anos. Embora a tristeza fosse grande, Amácio a transformou em trabalho. Estreou apenas 4 dias após a morte do pai em São Paulo, com a peça “Filho de Sapateiro, Sapateiro Deve Ser”, como ator e diretor. Grande sucesso de público e crítica.
No ano seguinte, ainda apresentou alguns espetáculos no pavilhão até saldar algumas dívidas. Logo depois, remontou o galpão em São Paulo, no bairro de Santana.
Rádio e televisão
Já conhecido pelo público paulistano, foi convidado a trabalhar no rádio, onde atuou com alguns dos mais renomados artistas da época, como Cassiano Gabus Mendes e Hebe Camargo. Aos 36 anos, Mazzaropi tem seu público de ouvintes cativos em vários estados brasileiros.
Como foi bem comum na metade do século passado, os grandes nomes do rádio foram aproveitados na então nascente televisão brasileira. Em 18 de setembro de 1950, Mazzaropi tornou-se o primeiro humorista da tevê nacional, logo levando para a tevê seu antigo programa de rádio, o “Rancho Alegre”, em horário nobre. No ano seguinte, ganhou as telinhas da Guanabara. Logo o caipira mais famoso do Brasil ganhou admiradores nas suas duas maiores cidades.
Cinema
Em 1951, a semente da imagem que seria a mais lembrada de Mazzaropi para a posteridade era plantada. Enquanto jantavam em um bar em São Paulo, os diretores Abílio Pereira de Almeida e Tom Payne viram o artista na tevê. Ambos trabalhavam na então jovem Companhia Cinematográfica Vera Cruz, um marco na nunca devidamente valorizada atividade do cinema brasileiro. O caipira do rádio e da televisão ganhou as telonas em 1952 em “Sai da Frente”, conquistando ainda mais público Brasil afora.
Depois disso, foram mais sete filmes feitos para diferentes companhias, mas sem sair do rádio. A inquietude de sua origem novamente se ativou. Mazzaropi deu um passo bastante incomum, e já realizou com recursos próprios seu nono filme, “Chofer de Praça”. Como a realidade do cinema brasileiro quase sempre foi a de o realizador pagar para trabalhar, o novo cineasta vendeu casa, carro e tudo mais que podia para custear a produção. Cuidou também da distribuição e do lançamento. Mais trabalhos na tevê geravam mais algum dinheiro para seu sustento. Em 1959 foi às telas um de seus filmes mais conhecidos: “Jeca Tatu”, valorizando ainda mais a já popular figura do matuto brasileiro, evidenciada anos antes pelo escritor Monteiro Lobato. Lançou-se diretor em “Pedro Malasartes” (foto acima) no ano seguinte.
A máquina humana de produzir cinema precisava de instalações próprias. Comprou 184 alqueires de uma fazenda em Taubaté e construiu seu primeiro estúdio. Lançou em seguida “Tristeza do Jeca”, seu primeiro filme em cores. Como seu contemporâneo Adoniran Barbosa, evidenciava o sujeito simples, do povo, como os já citados e bem conhecidos caipiras, os cangaceiros, os imigrantes, os malandros e os torcedores de futebol. Satirizou o faroeste norte-americano e sempre emocionou e provocou risadas em profusão de seu crescente público, em um tempo em que isso ainda era feito decentemente.

Em 1975, começou seu maior empreendimento, o Hotel Studio PAM Filmes (com a sigla de Produções Amácio Mazzaropi), em Taubaté. Num complexo de 160 mil metros quadrados, apartamentos luxuosos, restaurantes, piscina e o estúdio propriamente dito, com alojamentos para as equipes e elenco.
Trabalho até o fim
Em seu 31º filme, Mazzaropi já estava bem debilitado por um câncer na medula óssea. Mesmo assim, realizou o 32º, lançando-o, e tocou a pré-produção de “Maria Tomba Homem”, que não chegou a realizar.  Morreu aos 69 anos, de uma septicemia em decorrência do câncer, em São Paulo. Foi enterrado em Pindamonhangaba, no mesmo cemitério em que já havia sido sepultado seu pai, com grande comparecimento da emocionada população local e das cidades vizinhas. Clara, sua mãe, morreria em 1983, aos 91 anos.
As dependências de seu estúdio sediam hoje o Hotel Fazenda Mazzaropi, com uma ampla estrutura de lazer e um museu dedicado ao mais brasileiro de todos os cineastas. O centenário de seu nascimento será comemorado, entre outras iniciativas, com o lançamento do filme “Mazza.doc”, do crítico de cinema Celso Sabadin, em sua estreia por trás das câmeras.