A motorista de ônibus Marta Ribeiro é conhecida como a "Penélope Charmosa" morena
Texto e fotos Thais Toledo, da Folha Universal
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Na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, fazemos uma homenagem às mulheres brasileiras, com suas histórias de luta, perseverança e coragem. Conheça a história de Marta...
Por volta das 5 da manhã, a motorista de ônibus Marta Ribeiro já está ao volante no Terminal Lapa, na zona oeste de São Paulo. Até aí, nada de novo, num mundo em que cada vez mais mulheres ocupam lugares antes exclusivamente masculinos. Porém, Marta é diferente.
Quem chega para pegar o ônibus que ela conduz vê de longe a cor-de-rosa que envolve o seu assento. Até o volante recebe uma capinha bem feminina antes da partida em direção ao Terminal Vila Mariana, na zona sul da capital paulista. E não para por aí: Marta também se veste de rosa, e é quase impossível não notá-la pelo trânsito da cidade.
Para os passageiros de primeira viagem, as cores surpreendem, mas sempre trazem alegria. "Há senhoras que falam que parece que elas estão passeando com uma amiga e não com uma motorista", relata Marta, que leva a nossa equipe a bordo do seu ônibus e também por um passeio por sua história de vida.
O começo
O primeiro veículo de transporte de passageiros dirigido por Marta foi uma perua escolar. Ali, ela descobriu sua paixão por dirigir. Em seguida, surgiu uma oportunidade para trabalhar em uma viação de ônibus na cidade de Osasco, na Grande São Paulo. Marta passou 1 mês em treinamentos na empresa antes de ganhar as ruas. "O gosto pela minha profissão é grande, não a troco por nada. Eu poderia acrescentar algum curso, mas mudar de profissão, jamais", afirma, convicta de que está sempre no caminho certo.
Na verdade, Marta carrega no sangue essa paixão pelas ruas. Seu pai, que faleceu há pouco mais de 1 ano em um acidente no trânsito, era motorista de caminhão e, assim como a filha, amava a profissão. "Para o meu pai, eu era seu orgulho. No começo, nunca me imaginei motorista, só depois que dirigi e peguei gosto pela coisa, vi que não iria mudar de profissão", conta emocionada ao lembrar-se de seu eterno herói.
Marta se casou muito cedo, aos 16 anos, ‘foi um amor de adolescente’, como ela guarda na memória. Da relação nasceu o filho Luís Fernando, hoje com 18 anos.
A separação veio de maneira amigável e ela se casou novamente, com o Flavio, também motorista de ônibus. O assédio dos homens é grande, mas ela sempre dá um jeitinho de resolver a situação. E quem acredita no ditado popular de que “mulher ao volante, perigo constante” não a conhece essa excelente motorista. Marta nunca levou multa durante o trabalho ou se envolveu em acidentes. Além disso, ela é atenta com os passageiros, atende aos pedidos, para próximo às calçadas, e ajuda no que pode para que todos tenham uma boa viagem.
Motociclista
Parte do tempo livre, Marta usa para pilotar sua moto (foto ao lado) – cor-de-rosa, é claro, assim como o capacete. Ela conta que é a sua maneira de desestressar. "Assim, descarrego a adrenalina", confessa.Mas por que tudo cor-de-rosa? "Eu adoro a Penélope Charmosa (personagem de desenho animado que se veste com roupas e acessórios cor-de-rosa).”
A única diferença entre elas está na cor dos cabelos. A verdadeira Penélope do desenho é loira, e Marta, morena. "Eu sou uma versão morena, mas nunca pensei em pintar os meus cabelos, acho que não combina comigo", afirma a motorista.
Convicta de que conquistou o seu espaço entre os motoristas, Marta afirma que, de um jeito ou de outro, ela se destaca. "Eu não gosto de ser melhor do que ninguém, gosto de ser apenas diferente. É preciso fazer a diferença de alguma forma, eu faço com os meus objetos cor-de-rosa", completa ela, com um largo sorriso no rosto.
