Ela trabalha sob sol escaldante e chuva forte e conquistou respeito num universo masculino
Por Pedro Henrique Cunha
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Na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, fazemos uma homenagem às mulheres brasileiras, com suas histórias de luta, perseverança e coragem. Conheça a história de Fátima...
A luta das mulheres por igualdade profissional vem de longa data. Melhores salários, oportunidades iguais às dos homens, mas, acima de tudo, respeito no ambiente profissional. Embora muitas já ocupem cargos de liderança, a resistência no mercado de trabalho ainda existe.
Antigamente, mulheres que trabalhavam fora de casa eram certamente motivo de polêmica. Para elas, a parte mais difícil de ingressar no mercado de trabalho é deixar os filhos. Primeiro, vem a dúvida de com quem e onde deixá-los e, depois, o sentimento inevitável e superável de culpa por "abandoná-los", mesmo que seja para que a qualidade de vida deles melhore.
É claro que ainda existem mulheres fora do mercado e que trabalham cuidando dos filhos e da casa, mas é crescente a quantidade de profissionais do sexo feminino que estão disputando em condições de igualdade e muitas vezes de superioridade um determinado emprego.
Baixinha, com óculos de grau e um jeito manso de falar. Perto do objeto de trabalho, ela quase desaparece. São os 60 quilos aparentes de um corpo magro contrastando com as 50 toneladas, em média, de um gigante composto por fibras de vidro, alumínio e ferro. Fátima Alves de Melo, de 35 anos, é a única mulher mecânica de aviões de Pernambuco. Trabalha na área, que descreve como “rude”, há 15 anos. Em uma profissão em que o sexo oposto predomina, Fátima precisou ser firme e provar ser capaz de exercer a função para conquistar seu espaço.
“É muito difícil trabalhar na aviação. Quando você imagina uma mulher trabalhando, você remete logo a um ambiente fechado e aqui não. Trabalho em um local aberto, debaixo de sol e chuva. Com graxa e querosene. É preciso ter muita fibra e gostar mesmo do que faz”, conta a mecânica.
Mulher de fibra. É assim que Fátima diz que se enxerga. Quem hoje olha para ela, pensa que fazia parte de seus sonhos se tornar mecânica. Mas não. “As coisas aconteceram. Eu tinha 20 anos. Fiz escola técnica na área de mecânica e precisava de estágio para cumprir a carga horária obrigatória. Foi quando me inscrevi numa agência de estágios e fui chamada para a Transbrasil (extinta empresa de aviação). Depois de seis meses, fui admitida”, lembra.
Pessoalmente, Fátima se adaptou muito bem à profissão. No entanto, permanecer não foi tarefa fácil. Enfrentou preconceitos por ser mulher, mas venceu.